quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Visita Guiada a Paço de Arcos

PAÇO DE ARCOS. -  VISITA GUIADA


A equipa aventura gosta de história e de estórias. Mas isto da História (e agora escrevo com letra grande) e das estórias (sem H) tem muito que se lhe diga. A História é uma disciplina e uma ciência que estuda o passado dos povos e as estórias são tudo o que o seu inventor quiser. Claro que na História há muita coisa que pode não ser verdade e que nas estórias há muita coisa que pode ser verdade. O importante é descobrir, estudar e discutir tudo.

O António e a Maria já estavam um bocadinho cansados desta teoria toda e pediram ao avô que contasse umas histórias verdadeiras, por exemplo de Paço de Arcos, que é a terra onde a equipa aventura está a passar uns dias de férias.

Vamos então.










Aqui mesmo em frente da nossa casa, o passeio que nos leva à praia chama-se Passeio dos Torpedos porque este quartel era antigamente a Escola de Torpedos. E os. tais torpedos que são armas de guerra que destroem navios eram levados para o mar através de umas rampas que havia na nossa praia que aliás nessa altura não era ainda praia nenhuma. Estas armas ainda hoje se utilizam e são atirados de navios contra navios inimigos.

A escola de torpedos estava dentro do Forte de S Pedro e ainda hoje se vê um grande portal antigo do lado nascente mesmo à entrada do jardim de Paço de Arcos.


Mesmo no início do dito jardim está o busto do grande herói Patrão Lopes que comandou o navio de socorro e salvou muitos náufragos e gente em perigo no mar. A avó Mafalda disse então que também salvou um pescador que estava a pedir socorro, avisando os socorros a náufragos mas isso é outra história como diz o outro.

Mesmo atrás do busto do herói de Paço de Arcos está o ringue onde o António gosta muito de jogar à bola e onde jogavam antigamente outros heróis da terra que eram os campeões do mundo de hóquei em patins e que agora têm uma estátua em frente ao mercado. A Maria lembra-se porque já deu lá uma cabeçada no cabo de um stique com a mania que ela tem de andar sempre encarapitada

Mais à frente encontrámos uma casa bonita que não sei se tem nome mas os antigos de Paço de Arcos dizem que é o palácio do batata frita.

Aqui a Maria não se conteve e disse que então íamos lá comer batatas fritas e o António - isso é que era a bom.

O avô disse que se trata de um chalet de praia - arquitectura de veraneio - como ainda há outros e são do tempo em que Paço de Arcos era uma praia da moda para onde vinham as pessoas ricas de Lisboa e até nobres e reis.

Desses tempos dourados temos também, à saída do jardim, a sede do grupo desportivo que era um casino onde havia grandes festas e logo do outro lado do estacionamento outro edifício que também foi casino e depois cinema. Devia ser divertida a praia de paço de Arcos.

Mas também se trabalhava por aqui. Por de trás do palácio do batata frita ficam os velhos fornos da cal que provam que havia alguma indústria. Mas Paço de Arcos era sobretudo uma aldeia piscatória e na praia velha ainda se vê e é útil o cais, a que chamavam a caldeira do marquês porque era aqui que o Marquez de Pombal embarcava as mercadorias que produzia nas suas quintas.

Por falar em quintas, Paço de Arcos tinha grandes quintas de agricultura e de recreio das quais ainda restam alguns palácios. É o caso do Palácio dos Arcos com os seus fantasmas e da Quinta do Relógio que tem uma torre com um relógio que quando pára o dono da quinta morre logo.

Bolas, gritou o António, então eles estão sempre a mandar arranjar o relógio para não parar. E a Maria - vovô isso não pode ser verdade!

O avô Ambrósio disse que os fantasmas e o relógio amaldiçoado são estórias sem H.

Mas para não acabar esta visita guiada com estórias assombradas o avô disse que ia contar uma história com tambores , trombetas, uma  grande fanfarra e que até é verdadeira. O Marques de Pombal quando vinha de Lisboa para o seu palácio de Oeiras passava,  claro está, por Paço de Arcos. Ora o grande Marquês vinha sempre a dormir todo o caminho mas tinha dado ordens à sua escolta para que em Paço de Arcos começasse a fanfarra que fazia uma barulheira dos diabos com todos aqueles tambores e cornetas. Parece que o Marques acordava sempre sobressaltado e se calhar até batia com a cabeça  no tecto da carruagem. Mas a verdade é que ele entrava sempre em grande estilo nos seus domínios. E com esta barulhenta fanfarra terminamos esta visita guiada.


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